Chamada aberta foca em produções indígenas para antologia literária

Coletivo literário comemora o centenário da Semana de Arte Moderna reunindo novos nomes da poesia em antologia poética com 12 volumes; o mais recente aborda questões indígenas atuais e homenageia grandes nomes da literatura, como Daniel Munduruku, Eliane Potiguara e Marcia Kambeba

Eliane Potiguara. Crédito – Divulgação.

Produções indígenas são o foco do novo volume da antologia poética “Outros 500: não queremos mais o quinhentismo”, organizada pelo coletivo Toma Aí Um Poema como parte da “CEMana de 22”, projeto que tem como objetivo, 100 anos depois da Semana de Arte Moderna, organizar, mapear e registrar a produção contemporânea de poesia. Este volume, com chamada aberta até dia 30 de abril, homenageia grandes nomes da literatura brasileira: o professor e escritor Daniel Munduruku, a poeta e ativista Eliane Potiguara e a poeta, ativista e geógrafa Márcia Kambeba. O resultado da chamada está previsto para ser divulgado em maio.

“Por abranger um dos maiores — e provavelmente o mais antigo — conflitos geopolíticos e humanitários do país, o tema escolhido é um assunto urgente e de alta complexibilidade, o qual envolve inúmeros eventos revoltantes e medidas politicamente injustas e exploratórias”, aponta Jéssica Iancoski, editora do Toma Aí Um Poema, citando algumas questões indígenas preponderantes no cenário atual, como a demarcação de terras indígenas, o genocídio dos povos indígenas, o apagamento e a transformação da cultura indígena, entre outras.

Uma antologia, 12 volumes, mais de 500 autores contemporâneos

Com a “CEMana de 22”, o coletivo deseja publicar mais de 500 autores em atividade até o final de 2022, contemplando a diversidade de suas opiniões, estilos, temas e questões. A ideia é traçar um esboço de como a produção contemporânea é vista pelos seus próprios contemporâneos.

Daniel Munduruku. Crédito – Divulgação.

Até agora, quatro concursos com diferentes temáticas foram promovidos para a produção dos volumes que integram a antologia poética “Outros 500: não queremos mais o quinhentismo”, entre eles: “Comer é um ato político”, em janeiro, abordando o tema da fome; “Poesia minimalista”, que chamou poetas que escrevessem dentro da estética minimalista, e “Uma mulherzinha não. Um mulherão”, tendo em vista o Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março. E, em abril, o coletivo trabalha na produção de um volume com tema LGBTQIA+. Os e-books estão disponíveis para download gratuito no site do Toma Aí Um Poema. O coletivo também realiza financiamento coletivo para publicar os volumes também em edições físicas.

“Queremos mapear, registrar e organizar as impressões a respeito do cenário atual da poesia no Brasil para que sobreviva ao futuro. Estamos incentivando a comunidade literária a escrever sobre temas atuais como a fome, como o papel da mulher, como as questões ligadas à identidade de gênero e orientação sexual, entre outros, bem como estamos entrevistando autores para recolher as impressões particulares deles sobre a literatura e a contemporaneidade” explica a editora do Toma Aí Um Poema.

Literatura livre, inclusiva e gratuita para todos

O Toma Aí Um Poema é um coletivo preocupado com a inserção de autores e autoras independentes em novos espaços de divulgação e promoção de literatura. É um projeto social de acolhimento, de incentivo e de desenvolvimento da escrita e da leitura. É uma potente publicadora de material literário em múltiplas mídias: podcast (o maior de literatura falada no Brasil, com mais de 65 mil ouvintes somente no Spotify), revista, livros físicos e digitais e redes sociais.

Márcia Kambeba. Crédito – Divulgação.

O objetivo é publicar o máximo possível de poesia, incluindo minorias, e fazer circular novos pontos de vista dentro da literatura brasileira, também auxiliando e fornecendo informações para autores independentes sobre o mercado editorial brasileiro. “Queremos contribuir e estimular a literatura gratuita e livre para todos”, frisa a editora Jéssica Iancoski. “Neste ano estamos incentivando a emancipação dos autores, em relação às editoras prestadoras de serviço. Acreditamos em um mercado editorial mais justo e sem exploração.”