Dia Mundial da Saúde Mental: canabidiol propõe novas abordagens e pode revolucionar cuidados com a mente
Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com algum tipo de transtorno mental, incluindo ansiedade e depressão, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, é uma oportunidade para reforçar a atenção à saúde mental como direito fundamental e discutir novas alternativas terapêuticas, como o uso da cannabis medicinal, por meio do canabidiol (CBD), que vem mostrando resultados promissores em estudos clínicos recentes.

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De acordo com a OMS, a saúde mental não se limita ao bem-estar individual, mas resulta da interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Aspectos como condições de vida, apoio social e saúde física influenciam diretamente o bem-estar. Por isso, cuidar da saúde mental exige ações integradas e políticas públicas eficazes, além de terapias inovadoras que possam apoiar o tratamento de transtornos como ansiedade, depressão e insônia.
Os transtornos de saúde mental são a segunda maior causa de incapacidade de longo prazo e elevam significativamente os custos humanos e econômicos. O Mental Health Atlas 2024 e o relatório World Mental Health Today, divulgados em setembro último, mostram que, embora muitos países tenham avançado em políticas e programas de saúde mental, os investimentos permanecem insuficientes. O gasto público mediano em saúde mental permanece em apenas 2% do orçamento total de saúde, e o número de profissionais é insuficiente, especialmente em países de baixa e média renda.
Os números apresentados revelam que a prevalência de transtornos de saúde mental varia de acordo com o gênero e que mulheres são desproporcionalmente mais impactadas. Ansiedade e depressão figuram como os dois tipos de transtorno mais comuns tanto entre homens como entre mulheres. “A saúde mental é complexa e envolve muito mais do que apenas o que sentimos. O canabidiol tem demonstrado potencial como um recurso adicional no manejo de sintomas que afetam o humor, a motivação e o sono. Quando inserido em um acompanhamento profissional adequado, pode favorecer a estabilidade emocional e a capacidade de enfrentar desafios do dia a dia, oferecendo suporte às estratégias terapêuticas já estabelecidas”, avalia o psiquiatra André Basso.
Estudos internacionais têm apontado resultados promissores para o uso do canabidiol (CBD) em transtornos como ansiedade e depressão. Em 2024, um ensaio clínico conduzido na Índia avaliou uma solução oral de CBD em pacientes com ansiedade leve a moderada e mostrou melhora significativa dos sintomas, incluindo melhor qualidade do sono e redução de quadros depressivos associados (ScienceDirect, 2024). No mesmo ano, uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, publicada no PubMed (2024), confirmou que o CBD apresenta efeito estatisticamente relevante na redução de sintomas de ansiedade, sem causar dependência ou efeitos psicoativos. Já em 2025, um estudo multicêntrico de fase 2 realizado em 19 centros nos Estados Unidos, pela empresa EmpowerPharm, demonstrou eficácia do CBD em pacientes com transtorno de ansiedade social moderado a grave, reforçando o potencial clínico do composto
“O sistema endocanabinoide é um regulador natural do organismo, influenciando funções como respostas ao estresse, memória e equilíbrio emocional. O canabidiol interage com esse sistema, ajudando a harmonizar essas funções e oferecendo um suporte adicional no cuidado com a saúde mental, sempre dentro de protocolos seguros e orientados por profissionais qualificados”, avalia Tarsila Tomaz Lins Couto, especialista em cannabis medicinal e responsável técnica pela farmácia Cannabis Company. Para a especialista, o CBD, aliado a terapias convencionais e políticas públicas integradas, surge como uma ferramenta complementar para promover bem-estar, apoiar tratamentos clínicos e reduzir os impactos da ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. “A combinação entre intervenções farmacológicas, psicológicas e sociais é fundamental para fortalecer a saúde mental global”, completa Tarsila.