Feira de Cutelaria reúne amantes de facas e lâminas
A capital paranaense vai receber a sétima edição da Knife Show Curitiba – Feira e Exposição de Facas e Artigos de Cutelaria. O evento é um dos maiores da América do Sul, reúne mais de 100 expositores do Brasil, fabricantes de instrumentos de corte, colecionadores, fornecedores e compradores do exterior.

Crédito – Paulo Turossi.
A feira acontece nos dias 05 e 06 de julho (sábado e domingo), na Rua Brasilino Moura, 474, bairro Ahú, em Curitiba [no salão do antigo Cassino Ahú. Os ingressos serão vendidos no local, custam R$ 15 para quem seguir o @knifeshowcuritiba e R$ 20 para os demais. O estacionamento é gratuito e são esperados entre 3 e 4 mil visitantes de todo o Brasil e de outros países.
Números
Desde a primeira edição em 2017, mais de 20 mil participantes estiveram nos encontros. Foram comercializadas cerca de 9 mil peças e também houve inúmeros pedidos de encomendas pós-feiras.
“Na edição de 2024, em apenas dois dias, foram negociados cerca de R$ 900 mil. A faca mais cara foi adquirida por um comprador internacional, que pagou a bagatela R$ 30 mil pela peça”, explica o organizador do evento, Marcelo Tokars.
O que deixa uma faca valiosa?
No universo da cutelaria, o valor de uma faca pode variar significativamente. A diferença se justifica por uma combinação de fatores que envolvem:

Crédito – Paulo Turossi.
1. Materiais de excelência: Aço de alta performance (como damasco, inox ou carbono), cabos em materiais nobres (madeiras estabilizadas, chifre, micarta, titânio entre outros) e acabamentos de precisão contribuem para o valor da peça,
2. Execução artesanal impecável: Facas forjadas ou trabalhadas à mão demonstram o domínio técnico do cuteleiro. Linhas simétricas, encaixes perfeitos e polimento preciso são marcas de uma faca premium,
3. Design exclusivo: Facas com projeto original, identidade estética própria do cuteleiro e soluções criativas de ergonomia ou funcionalidade são altamente valorizadas no mercado de colecionadores,
4. Assinatura do cuteleiro: O renome do artesão é um fator decisivo. Facas feitas por mestres cuteleiros ou cuteleiros premiados podem se tornar itens de alto valor e prestígio,
5. Raridade e edição limitada: Facas feitas em número reduzido ou com características que dificilmente serão replicadas (como padrões únicos de aço damasco ou gravações personalizadas) despertam grande interesse e valorização.
Já as facas antigas e históricas são avaliadas e precificadas pelo estado de conservação, material da lâmina e do cabo, antiguidade e contexto histórico, origem e autoria, raridade e exclusividade, funcionalidade e integridade estrutural, documentação e proveniência, demanda e mercado atual. Esse tipo de peça pode ter valor funcional, colecionável, artístico ou até museológico.
“No universo da cutelaria artesanal, cada faca conta uma história. É por isso que eventos como esse se tornam vitrines de alto nível, onde o público pode conhecer de perto essas joias de aço que unem tradição, inovação e paixão pelo ofício”, destaca Tokars.
Raridades
Entre as atrações já confirmadas na sétima edição da Knife Show Curitiba estão a exposição de mais de mil tipos de facas (militares, domésticas, customizadas, nacionais, internacionais, caça), punhais, navalhas, adagas, facões, machados, espadas templárias, peças raras, históricas, únicas e colecionáveis.

Crédito – Paulo Turossi.
Outros itens – como afiadores, bainhas, chairas, lixas, madeiras nobres, tábuas artesanais, espetos, garfos, couros certificados, insumos de cutelaria, pinos, facas para churrasco e cozinha, temperos, embutidos e defumados, acessórios, coleções especiais, ferramentas, canivetes, lâminas primitivas e indígenas – também estarão expostos e poderão ser comercializados.
Avaliações e palestras
Durante todo o evento acontecerão diversos sorteios de facas e outros brindes, além de palestras sobre como afiar corretamente as facas de uso diário e aumentar o tempo de vida útil desses objetos. O espaço conta com serviços de alimentação e bebida no local.
O público pode trazer suas facas antigas para que sejam avaliadas por especialistas do ramo. Nas edições anteriores, um dos casos que mais chamou atenção foi o de uma faca americana da época da Guerra Civil, trazida por um visitante; cuja família preservava o item há gerações.
A lâmina – ainda com bainha original e marcações autênticas de época – estava surpreendentemente bem conservada. Devido à sua raridade, originalidade e contexto histórico, foi avaliada por R$ 25 mil.
“É importante que as pessoas tragam as facas como estão, mesmo sujas ou enferrujadas. A tentativa de ‘limpar’ a faca sem a técnica adequada pode desvalorizar a peça”, enfatiza o organizador.
Demonstrações de forja
O evento terá três demonstrações ao vivo de forjamentos [técnica milenar que transforma metais em formas desejadas] e métodos exclusivos de fabricação de instrumentos de cutelaria. No sábado (dia 05/07) as apresentações serão realizadas às 14h e 18h. No domingo (dia 06/07), às 15h.

Crédito – Paulo Turossi.
Nestas ocasiões, o aço é colocado dentro de uma fornalha com temperatura a mais de 1000ºC e fica na cor vermelho-brilhante. Depois é modelado utilizando uma marreta e bigorna, até se transformar em uma lâmina.
Para evitar imprevistos, somente profissionais experientes e habilitados podem fazer esse processo com segurança e em locais apropriados. Do contrário, as pessoas podem se ferir com o calor excessivo, as fagulhas e o peso dos equipamentos.
Do artesanato à exportação
A cutelaria é uma atividade que se dedica à produção artesanal de utensílios cortantes como facas, tesouras, navalhas e uma infinidade de outros itens. Já os insumos envolvem lixas, pedras de afiar, madeira, pinos, couro e muito mais.
O Brasil tem cerca de 5 mil profissionais que atuam no ramo e o setor movimenta entre R$ 10 a R$ 20 milhões anualmente, com enorme potencial de crescimento. Só no Paraná, estima-se que são mais de 200 trabalhadores nesta área.
Em virtude da qualidade de fabricação, do acabamento refinado, dos materiais nobres e de alta complexidade utilizados, o Brasil exporta para mais de 15 países como Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, França, Bélgica, Portugal, Austrália, Uruguai, Paraguai e Chile.
“Muitas pessoas ainda atuam de maneira informal ou têm na atividade um hobby. Por isso, estima-se que mais de 6 mil famílias no Brasil têm a cutelaria como principal fonte de renda”, conta Marcelo Tokars.
Quem consome cutelaria?
O cuteleiro atende a um grupo exigente e heterogêneo de clientes que vão desde colecionadores, médicos, advogados, engenheiros, caçadores, cozinheiros domésticos, chefes de restaurantes, escoteiros, quem pratica hobbies de jardinagem e churrasco e opta por equipamentos de altíssima qualidade.
Os fregueses englobam público de classe socioeconômica A e B, homens e mulheres com faixa etária a partir de 35 anos de idade. “Cerca de 70% dos visitantes da feira chegam em grupos de três ou mais pessoas, seguidos por caravanas familiares”, conta o organizador.
Recentemente, a área ganhou força com séries de TV que mostram o universo da forja voltada à cutelaria e programas de gastronomia que enfatizam a importância de bons instrumentos de trabalho na cozinha.
Cuteleiros brasileiros têm se destacado em eventos globais como o The Blade Show, que acontece anualmente nos Estados Unidos e é considerado o maior evento do gênero no mundo.
Profissão: Cuteleiro
Mesmo com tanta tecnologia disponível para as mais variadas profissões, o jeito artesanal de confeccionar facas é muito apreciado por quem utiliza ou coleciona esses instrumentos.
“A profissão de cuteleiro – que é o ferreiro especializado em instrumentos de corte – segue viva em Curitiba. Engana-se quem pensa que a atividade é coisa do passado. O cuteleiro atual é um artesão especializado no trabalho com metais. É a pessoa que cria objetos de ferro ou aço ‘modelando’ o metal com o uso de equipamentos pesados, forja, bigorna, martelos, dobra e corte”, fala Marcelo Tokars.
O organizador do evento enfatiza que o nicho de mercado consumidor cresce todos os anos, assim como o interesse por conhecer os profissionais que mais se destacam. Por isso, a sétima edição da Knife Show Curitiba vai reunir nomes consagrados da cutelaria brasileira como Milton Rodrigues, Silvana Mouzinho e Daniel Jobim – reconhecidos pela qualidade de seus trabalhos e participação em programas de TV que abordam o tema.
Serviço
O que: Sétima edição da Knife Show Curitiba – Feira e Exposição de Facas e Artigos de Cutelaria
Quando: Dias 05 e 06 de julho [sábado, das 10h às 20h; domingo, das 10h às 18h]
Onde: Rua Brasilino Moura, 474, bairro Ahú [no salão do antigo Cassino Ahú], Curitiba
Quanto: Os ingressos serão vendidos no local, custam R$ 15 para quem seguir o @knifeshowcuritiba e R$ 20 para os demais. O estacionamento é gratuito
Informações: www.knifeshow.com.br / @knifeshowcuritiba / kscuritiba@gmail.com