João Carrijo troca tribunais pela ficção e lança romance sobre destino, fé e resistência

João Gilberto Marin Carrijo nunca imaginou que uma ida ao mercado para comprar ingredientes de uma feijoada se tornaria o ponto de partida de seu segundo romance. Em Passa Quatro, cidade mineira ao pé da Serra da Mantiqueira, ele avistou um casal de idosos caminhando de mãos dadas sob o sol. A cena, singela e comovente, despertou nele o desejo de escrever uma história sobre amor, resiliência e a busca por sentido, não entre príncipes ou jovens sonhadores, mas entre pessoas “carcomidas pelo trabalho árduo, de inquestionável beleza interior”.

Crédito – Divulgação.

Foi assim que nasceu Pai do Destino, recém-lançado pela Editora Artêra. O livro, com 308 páginas, confronta acaso e livre-arbítrio, exalta a fé e celebra o otimismo diante das adversidades. Lançado após dois anos de trabalho, é o segundo romance de Carrijo, que concilia a carreira jurídica com a literatura, depois de também ter atuado como analista de sistemas. Atualmente, divide seu tempo entre a escrita, o Instituto Curitiba Saúde e a vida em família.

Seu mergulho na ficção começou durante a pandemia, quando a rotina mais introspectiva lhe permitiu escrever seu primeiro livro, Vingança e Perdão, em apenas nove meses. Foram seis horas de escrita por dia, até completar 450 páginas. “O primeiro foi escrito com dedicação plena. Já o segundo exigiu encontrar brechas no cotidiano profissional”, conta o autor, que reconhece: “Descobri que tenho uma capacidade absurda de concentração. Alguns capítulos foram escritos em pausas no trabalho.”

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Carrijo cita como influências literárias autores como Ken Follett, Noah Gordon, Dan Brown e Khaled Hosseini. De cada um, absorveu características que moldam seu estilo: a estrutura envolvente das narrativas de Follett, a sensibilidade nos relacionamentos descritos por Gordon, o ritmo acelerado de Brown e a poesia contida nos cenários e personagens de Hosseini.

Apesar da paixão evidente pela escrita, Carrijo é realista quanto às dificuldades enfrentadas por novos autores no Brasil. “Publicar é mais difícil do que escrever. As editoras só olham para quem já teve sucesso. Não há apostas. Cabe ao autor investir, correr riscos e tentar a sorte de ser descoberto.” Ele também alerta para um desafio que ainda se impõe no horizonte: a concorrência com a inteligência artificial. “Sobreviverão aqueles cuja identidade na escrita for verdadeira e inconfundível.”

Com dois romances lançados, Carrijo já está envolvido no terceiro projeto. A próxima história será protagonizada por uma mulher que forja a própria morte para fugir da violência doméstica. Na nova vida, ela se redescobre e encontra, pela primeira vez, amor por si mesma. “Será uma história sobre renascimento, coragem e liberdade.”

Enquanto isso, Pai do Destino marca a consolidação de um escritor que encontrou na ficção não apenas uma vocação tardia, mas um meio de tocar o outro com histórias que refletem o que há de mais humano: a fé no que virá.
SERVIÇO: O Pai do Destino – João Gilberto Marin Carrijo. Editora Artêra – à venda na Amazon e na Livraria da Vila, em Curitiba.