Deserto propõe reflexões poéticas sobre o mundo contemporâneo, arte e resistência
A Caixa Cultural Curitiba recebe, a partir de 30 de outubro, o espetáculo Deserto – primeira criação teatral brasileira inspirada na obra e nas memórias do escritor chileno Roberto Bolaño. A montagem, idealizada e produzida pela Polifônica, propõe ao público uma investigação sobre o papel da poesia e da arte diante das violências do mundo contemporâneo. Ao todo, serão 08 apresentações, com duração aproximada de 85 minutos. A temporada curitibana encerra em 09 de novembro e a classificação indicativa é a partir de 16 anos.

Deserto. Crédito – Renato Mangolin.
Com direção de Luiz Felipe Reis e atuação de Renato Livera, o monólogo articula teatro, literatura, poesia, música e instalações de vídeo em uma experiência multilinguagem. Em cena, o artista encarna o próprio Bolaño, emprestando seu corpo e voz às palavras do autor, para compartilhar suas inquietações éticas, políticas e poéticas.
A dramaturgia acompanha os últimos anos de vida de Bolaño, diagnosticado com uma doença hepática crônica, e sua persistente dedicação à escrita como forma de afirmação da vida. Deserto revisita fragmentos de obras emblemáticas do autor, como 2666, Os detetives selvagens e O gaúcho insofrível, para investigar o lugar da criação poética diante das forças de opressão, desigualdade e devastação que marcam a atualidade, por meio de narrativas que entrelaçam vida e criação artística, memória e resistência.
Reconhecido pela crítica e pelo público, Deserto foi indicado aos prêmios APTR e Shell nas categorias de atuação, direção e dramaturgia, e já passou por importantes palcos do país. O espetáculo conta com patrocínio da CAIXA e Governo Federal, reafirmando o compromisso do banco em fomentar ações voltadas a difusão da arte e da cultura no Brasil.
A apresentação do dia 02 de novembro (domingo) terá tradução em Libras, ampliando a experiência para diferentes públicos. Após o espetáculo, o público está convidado a participar de um bate-papo com o diretor Luiz Felipe Reis e o ator Renato Livera, momento dedicado ao compartilhamento de reflexões sobre o processo criativo e os temas abordados na montagem.
Roberto Bolaño: o poeta da resistência
Considerado um dos maiores nomes da literatura latino-americana contemporânea, Roberto Bolaño (1953–2003) construiu uma obra marcada pela inquietação política, pela experimentação literária e pela busca incessante de sentido em meio ao caos. Nascido no Chile e radicado na Espanha, viveu entre diferentes países e contextos históricos, sempre atento às contradições do mundo.
Autor de romances, contos, crônicas e poemas, Bolaño deixa um legado literário composto por títulos como A literatura nazista na América, Putas assassinas, Os detetives selvagens e 2666, este último considerado sua obra-prima. Sua escrita, ao mesmo tempo lírica e crítica, é atravessada por temas como exílio, violência, marginalidade e o papel do artista como testemunha e resistência.
Em Deserto, sua voz ressurge para provocar o público: qual o lugar da poesia em um mundo dominado pelo capital, pela desigualdade e pela devastação? A peça reafirma o posicionamento de Bolaño enquanto autor comprometido com a criação como forma de vida — e como contraponto à lógica destrutiva que permeia o presente.
Serviço
Deserto
Data: 30 de outubro a 09 de novembro de 2025
Local: CAIXA Cultural Curitiba – Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro, Curitiba
Horários: de quinta a sábado às 20h e domingos às 19h
Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia entrada)
Vendas: a partir de 25/10/2025 – às 10h, presencialmente na bilheteria da CAIXA Cultural e, no mesmo dia, a partir das 15h, pela plataforma www.bilheteriadigital.com
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 85 minutos
Capacidade do Teatro: 125 lugares (2 para cadeirantes)
Acessibilidade: A sessão do dia 02/11 (domingo) contará com tradução em Libras.
Atividade especial: Após a apresentação do dia 02/11, haverá bate-papo com o diretor Luiz Felipe Reis e o ator Renato Livera.
Informações: Instagram caixaculturalcuritiba | (41) 3041-2155