Projeto leva literatura e representatividade às comunidades periféricas de Curitiba

O Colégio Estadual Cívico-Militar Professora Luiza Ross [Rua Maestro Carlos Frank, 616, Boqueirão, Curitiba] vai receber as primeiras ações do projeto cultural Textos à Margem – Literatura e Minorias. Nos dias 3, 4, 5 e 10 de novembro acontecem 16 rodas de leitura com estudantes do ensino médio, professores e equipe pedagógica.

As atividades, que foram previamente agendadas, serão realizadas em sala de aula e o objetivo é incentivar a leitura de textos literários que abordam questões de identidade, diversidade e inclusão.

Crédito – Freepik.

“Queremos ampliar o acesso à literatura em bairros da capital paranaense em situação de vulnerabilidade social; promover o debate sobre representatividade e o papel social da literatura; valorizar escritoras e escritores negros, mulheres e a comunidade LGBTQIAPN+”, explica o produtor e idealizador da ação, Cristiano Nagel.

Leitura como ferramenta de inclusão
O projeto Textos à Margem – Literatura e Minorias nasceu da urgência de ampliar as vozes presentes na leitura e na formação de leitores. O intuito é que estudantes e a comunidade em geral tenha mais contato com livros que abordam o racismo, a misoginia, a LGBTfobia e outras formas de preconceito para estimular a reflexão, empatia e o pertencimento.

Para isso, até o dia 5 de dezembro serão realizadas 60 rodas de leitura em diversas escolas públicas que ficam em diferentes bairros periféricos de Curitiba, com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estudantes dos Centro Estadual de Educação Básica Para Jovens e Adultos (CEEBJA).

Também haverá um encontro e bate-papo sobre representatividade na literatura com o produtor cultural Gabriel Santinelli, a atriz e compositora Cleo Cavalcanty e a escritora e tradutora Luci Collin.

“Representatividade importa. O leitor precisa se ver nas histórias que lê, se sentir reconhecido e com a sensação de pertencimento. Isso ajuda na construção da identidade, na promoção da empatia, no combate a preconceitos, na formação da autoestima e numa sociedade mais justa e igualitária”, destaca Cristiano Nagel.

Contexto e relevância
Por outro lado, a baixa representatividade de autoras mulheres, negras e pessoas LGBTQIAPN+ na literatura e no ensino formal ainda reflete estruturas de exclusão. Assim, o projeto também se propõe a romper com o olhar único, ampliar o repertório literário de estudantes, professores e dar espaços a todas as vozes.

Inspirado em nomes como Djamila Ribeiro – que afirma que o combate ao racismo e à desigualdade é uma responsabilidade coletiva – o projeto cultural reafirma a leitura como ato político e ação afirmativa. “Ao aproximar leitores de narrativas diversas, promove-se também o fortalecimento de identidades e o reconhecimento de novos protagonistas”, destaca Nagel.

Transformação
Segundo Cristiano Nagel, a literatura funciona como um espelho não apenas por refletir o que somos, mas por participar ativamente da sua construção e por nos desafiar a enxergar as múltiplas facetas de nossa identidade e da sociedade em que vivemos.

“Essa é uma metáfora poderosa que ilustra a capacidade dos textos literários de refletir e moldar quem somos, tanto individual quanto coletivamente. A leitura é um ato político; e todo ato político, pode transformar realidades, situação extremamente importante numa cultura jovem dominada pelas redes sociais”, enfatiza Cristiano Nagel.

Doação de livros
Como forma de contrapartida social, o projeto Textos à Margem – Literatura e Minorias vai realizar uma oficina de escrita criativa voltada às mulheres, população negra e comunidade LGBTQIAPN+, ministrada pela escritora Lilyan de Souza.

Também haverá a doação de 32 livros – de autores como Conceição Evaristo, Maria Carolina de Jesus, Marcelino Freire, James Baldwin e Caio Fernando Abreu – com temáticas negras, femininas e LGBT para as Casas da Leitura de Curitiba.

Para participar dessas e de outras ações que serão abertas ao público em geral e estão em fase de agendamento, basta acompanhar o @cristianonagel. A expectativa é impactar cerca de 3 mil pessoas.

O projeto cultural Textos à Margem – Literatura e Minorias é realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, com o incentivo da Fundação Cultural de Curitiba e realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.